Portugal

Práticas agrícolas estão a levar ao declínio das aves na Europa

Um dos maiores desafios que as populações humanas enfrentam é o de conciliar a necessidade de aumentarem a sua capacidade produtiva com a salvaguarda do equilíbrio dos ecossistemas naturais e da biodiversidade.

Recentemente, foi publicado um artigo na revista científica norte-americana Proceedings of the National Academy of Sciences  – PNAS, que ajuda a compreender melhor as ligações entre as pressões das atividades humanas e as dinâmicas populacionais das aves à escala continental.

Neste trabalho, uma equipa liderada por Stanislas Rigal, do Instituto das Ciências Evolutivas de Montpelllier, e que incluiu dezenas de investigadores e conservacionistas de diversas instituições europeias, investigou os efeitos das pressões antropogénicas nas tendências populacionais das aves europeias. Utilizando os dados provenientes dos censos de aves comuns de 28 países, incluindo Portugal, foi possível integrar dados de abundância de de 170 espécies de aves ao longo de 37 anos, em mais de 20 000 locais do continente Europeu e estudar os efeitos de 4 variáveis de grande escala: a intensificação agrícola, a urbanização, mudanças na temperatura e alterações no coberto florestal.

A análise integrada permitiu identificar a intensificação agrícola como o principal fator que tem conduzido ao declínio de muitas populações de aves, especialmente as aves insetívoras, que são muito afetadas pelo uso de pesticidas. Os autores também demonstram que os outros fatores também têm tido impacto na abundância das aves, sendo que a temperatura está a afetar de forma distinta diferentes espécies, consoante as suas preferências ecológicas.

Este estudo só foi possível graças ao contributo inestimável de inúmeros colaboradores e voluntários que participam nos censos de aves comuns de cada país. O artigo foi publicado no formato de acesso livre e pode ser consultado aqui.