Bem-te-vi-rajado – qual é a área de vida desse viajante em parques urbanos?
O bem-te-vi-rajado é uma ave migratória que durante a reprodução (setembro a fevereiro) pode ser encontrado em parques urbanos da região sul e sudeste do Brasil. Dentro das grandes cidades, as áreas verdes são essenciais para a espécie, pois servem como abrigo, fonte de alimento e locais para reprodução. Nestes espaços, conhecido como “área de vida”, os indivíduos desempenham funções vitais para sua sobrevivência.
Um estudo publicado recentemente na Revista Brasileira de Ornitologia apresentou o uso de habitat e área de vida do bem-te-vi-rajado em um parque urbano da cidade de São Paulo. Os resultados do estudo mostraram que ainda que a ave esteja em um parque com área verde com grande quantidade de árvores e lagos, quando ela encontra obstáculos antrópicos ele pode aumentar sua área de vida.
A pesquisa foi realizada no Parque Ecológico do Tietê que tem 14,1 milhões m² de área verde, lagos e área de lazer para a comunidade incluindo museus e áreas abertas. No parque o tamanho médio da área de vida dessa espécie é de 5,4 hectares, sendo que quanto mais estruturas urbanas (prédios ou áreas sem árvores) maior será o espaço que a espécie utilizará diariamente. Além disso, a ave prefere na grande maioria do tempo ficar em locais com arvores mais altas e próximo do dossel. A pesquisa ainda mostrou que dos 92 registros da ave se alimentando, 84% dos alimentos consumidos eram artrópodes (insetos) e 16% frutos.
O bem-te-vi-rajado (Myiodynastes maculatus) pertence à família Tyrannidae, e pode ser encontrado do México até a Argentina. A subespécie M.maculatus solitarius é a única conhecida que migra dentro do Brasil. Embora o bem-te-vi-rajado seja uma espécie comum, surpreendentemente existem poucas informações sobre sua história natural, da mesma maneira que detalhes sobre o uso do habitat e a área de vida eram desconhecidos.
Estudos como esse são essências para conhecer nossas espécies e mostram a importância das áreas bem arborizadas para as aves. Além de contribuem para o conhecimento das necessidades de habitat de uma ave migratória que pode viajar quilômetros para se reproduzir nos parques urbanos.