Atlas das Aves Nidificantes: a 1ª volta na 1ª pessoa
Luís Gordinho, coordenador do 3º Atlas das Aves Nidificantes de Portugal, partilha o relato da sua 1ª visita sistemática do ano e lança o desafio:
“Esta semana fiz a primeira volta da quadrícula E269N193, situada entre Pinhal Novo e Pegões, abrangendo parte dos concelhos de Palmela, Montijo e Alcochete. Era uma das poucas quadrículas da metade norte do distrito de Setúbal com esforço insuficiente. Uma quadrícula onde, em 6 anos, ninguém quis fazer amostragem sistemática com protocolo Atlas e da qual poucos inseriram observações não sistemáticas no PortugalAves/eBird. Tudo isso poderia sugerir uma quadrícula com pouco interesse ornitológico. No entanto, com um pouco de empenho, já foi possível começar a demonstrar o contrário.
Fazendo seis tétradas e gastando meia hora em cada, registei 72 espécies na quadrícula. Destaco chasco-ruivo e rabirruivo-testa-branca a defenderem territórios, açor, bico-grossudo, gaivota-pequena, um bando de 41 bengali-mosqueado, e até um galeirão-de-crista na quadrícula ao lado (a menos de 5 km)!
Quem disse que a metodologia Atlas não era boa para detetar espécies pouco comuns?!
Deixo os links para as listas das seis tétradas abaixo. E deixo também duas dicas úteis:
- Começar cedo: ao nascer do sol ou à primeira luz (cerca de 30 minutos antes), senão não vão conseguir fazer as 6 tétradas nas 4h previstas na metodologia. Realmente bastam 3h “líquidas” (30 minutos x 6 tétradas) mas o tempo bruto é muito superior. Se fizerem um percurso só de ida, de 30 minutos, em cada tétrada, depois podem gastar quase mais 30 minutos a voltar ao carro. E há ainda que considerar o tempo de deslocação de carro entre tétradas/percursos;
- Em casa, escolher previamente sete ou oito tétradas (e não apenas seis) e marcar um percurso em cada. Mesmo conhecendo o terreno, pode haver novos portões fechados que impossibilitem o acesso a um percurso (ou a toda uma tétrada). É importante ter um plano B. Depois, no dia da amostragem, é fazer as primeiras seis tétradas a que se consiga aceder.
O Atlas espera por vocês – boas observações!”