No final de outubro de 2021 a equipe do Aves de Noronha, juntamente com o ICMBio e com o apoio da LOG Nature acoplou um dispositivo GPS em uma fragata (Fregata magnificens). O objetivo era dar início a coleta de informações sobre como esses animais se deslocam e se comportam no mar aqui na região mais na linha do Equador.
Para isso foi necessária toda uma preparação especial que incluiu desde a escolha do equipamento, por conta do peso que não poderia exceder 5% do peso total do animal, até uma articulação coordenada entre equipe de biólogos e veterinários para a captura e contenção do animal durante o processo.
O local escolhido foi a praia do Boldró, por ser uma praia com menos movimento de pessoas. A equipe de biólogos especialistas em aves capturou o maior animal avistado durante o dia para que fosse possível acoplar o GPS com segurança: um macho com mais de um 1,5kg, o que é considerado muito para uma ave. A ele foi dado o nome de “Brigadeiro”, em referência a maior patente aeronáutica brasileira e, obviamente, por ser uma ave de penas escuras.
O processo todo foi realizado pelos biólogos do Aves de Noronha, juntamente com uma veterinária e um biólogo do ICMBio, além da equipe técnica da LOG Nature.
O procedimento de colocar o GPS na fragata foi ágil e em torno de 10 minutos o animal já havia sido liberado, levantando voo de forma bastante saudável.
Após as primeiras análises dos dados que estão sendo enviados pelo dispositivo, sabemos que a ave voou mais de 500km ainda no mesmo dia, por vezes, atingindo altitudes superiores a 1km. O indivíduo se desloca bem variando horas próximo a costa, horas em regiões de vários quilômetros mar adentro e já passou por vários estados do Nordeste.
A equipe está se debruçando sobre os dados para poder divulgar mais detalhadamente num futuro próximo, mas o resultado já é considerado um sucesso.
Nenhum estudo do tipo com as fragatas de Noronha havia sido feito anteriormente. Existem dados sendo coletados no sudeste, mas ainda assim pouco se sabe sobre o potencial de deslocamento dessas aves aqui na nossa região. O que já temos e podemos dizer através do “Brigadeiro” é que parecem se deslocar muito e pra bem longe. Por viverem do mar e com áreas de vida tão grandes, entender as fragatas é entender o mar em uma escala biologicamente enorme. São sentinelas que podem nos sinalizar mudanças que estejam ocorrendo nos oceanos.
Sobre o GPS cedido pela LOG Nature:
Existem dispositivos de radiotelemetria e satélite específicos para uma grande variedade de espécies de animais e objetivos de pesquisa.
As tags eletrônicas são dispositivos sem fio afixados ao corpo das aves e outros animais e utilizados para determinar a posição, movimentação, padrões de atividade e/ou parâmetros fisiológicos. Podem possuir tecnologia via satélite- GPS ou rádio-VHF e algumas possuem ambas, podendo operar alternadamente entre elas.
Alguns modelos, como é o caso dos PinPoints, possuem comunicação bidirecional, que permite a alteração remota de algumas configurações depois que o aparelho já foi implantado no animal.
Existe uma variedade enorme de tags para animais que voam. Desde dispositivos maiores, como é o caso dos Pinpoints mostrados no vídeo, até tags minúsculas que pesam poucas gramas
